domingo, 9 de maio de 2010

.FALTA.

Livros, copos, Instinto
Lento e possessivo
Jornais, espelhos e medo
Tudo é frio e quente.

Tudo é seco,
O ar, as cores, o eco
Tudo eh difuso,
Inconstante, Obtuso.

E mulher que sou em meus rituais
Chamo teu nome sem te ter
Chamo teu nome sem saber
Chamo por chamar Teu nome.

Mas não é amor,
Nem ódio, nem paixão
É uma coisa que nasce sózinha
Sem se denominar.

Nem eu nasci perfeita
Nem teu cólo me regeita
Tão pouco me aquece
Nem me sustenta.

E aquilo que foi tão claro
Tão claro será pra sempre
Nem se decendem ou se apagam
Apenas permanecem.

Não sei mentir, nem fingir ou camuflar
Não sei roubar, coagir ou matar
Não sei cantar mais canto
Porque a vóz não me falta.

Se parece tão fácil,
Olhai o corpo meu perdido nas horas
Como é oco por fora e aflito por dentro
E como praga essa saudade me devora.

Mas meus pés insistem em me sustentar
Mesmo quando eu quero cair
E minha boca murmura
Mesmo quando quero me calar.

O peito arde como os olhos sem sono,
As mãos soam como o corpo semi-lúcido
Um vendaval me deixa destroços
Mas meus pés ainda insistem em me sustentar.

Eu vou gritar bem alto
Gritar pra saudade
Gritar pra esperança
Gritar só pra ver se alguem me responde.

E em meus rituais,
Vou abraçar sózinha a solidão do vacuo
Deitar e perecer,
Porque é só o que me resta.

---------------------------------------------

Por Hoje é Só.
Cambio, Desligo!

Um comentário:

  1. sei como é essa angústia, essa espera, essa esperança, por algo ou alguém, inominável ausência que não vem do passado nem do futuro...
    isso é melancolicamente belo, parabéns.
    bjo

    ResponderExcluir